terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Era 07 de janeiro de 2011...

Amanheceu. Um sol lindo de se ver. Ela foi trabalhar na ansiedade de estar o mais rápido
possível pegando a estrada e indo ao encontro de sua prima que não via há alguns dias.
Terminou o expediente e ela foi para casa, arrumou-se e foi para a rodoviária. Despediu-
se de sua mãe, nada demais, pois ia ser apenas um final de semana fora de casa. Entrou
no ônibus às 13:30, as pessoas também entravam e a poltrona ao seu lado estava vazia.
Ela pensara: -Essa viagem vai demorar, vai ser um saco!
Chega a hora de sair, ela com os fones de ouvido escutando música. 20 minutos se
passaram e sua paciência já tinha esgotado de estar ali, sozinha, sem ninguém pra
conversar. Até que chegou em uma parada próxima, ela distraída, olhando pela janela
aquele trânsito, as pessoas, lembrando daquela rua que passara há 4 meses e foi
testemunha de algo muito importante na sua vida. De repente ela vira a cabeça e dá de
cara com um rapaz lindo, jovial, com um belo sorriso estampado em seu rosto e seus
olhos fixados um de encontro ao outro. Ali significava amor à primeira vista...
Ele foi para a última poltrona e a cadeira do lado dela continuava vazia. Ela levantou-
se, percebeu que o belo moço estava de pé com um olhar parado em sua direção. Ela
logo se encantou. Os dois se olharam e depois de 5 minutos já estavam um ao lado do
outro conversando... Ela sentou-se ao lado dele. Ela muito séria, ele mais sorridente,
ela anciosa pra ver o que acontecia e ele se derretendo por ela, mas sem esperança de
nada. Em cada palavra dela ele se sentia mais parecido e ao mesmo tempo, como se ela
estivesse descartando a possibilidade de haver algo entre os dois.
Engano! Depois de mais alguns minutos, ela encostou sua cabeça no ombro dele e ele
não conseguiu se segurar, deu-lhe um beijo, ela correspondeu. A partir desse beijo
vieram outros e mais outros. Parecia que eles se conheciam há tanto tempo que não
ficaram com vergonha um do outro. Quando chegava nas paradas eles desciam e ele a
tratava como sua, sem deixar que ninguém se aproximasse dela. Ficava com ela o tempo
todo, beijava, abraçava, fazia carinho e os dois se sentiam bem na presença do outro.
Parecia coisa de filme, mas era realidade. Ela ficava em uma cidade e ele descia na
próxima. Mas os dois trocaram telefone e não seria fácil perder o contato. Ele ligou para
ela e a saudade que os dois sentiu já era grande demais, mas não tinha como se verem. O
trabalho dele impedia por conta do horário e pra ela era complicado de ir na cidade
vizinha pois estava sem meios pra ir e não sabia onde encontrá-lo. Até que, por força do
destino, acontecera um fato que o levou até a cidade dela, os dois só se falaram e ele não
tinha dado a certeza disso, que ia sua cidade. Era mais de meia noite e o celular deles
não estava com área, e ela não tinha certeza se ele iria mesmo até sua cidade. O coração
dela parecia saber onde ele estava e pedia pra que ela fosse ao seu encontro. Foi
simplesmente, pressentimento. Ao chegar onde ela imaginava que ele poderia estar, ela
olhou para o lado e viu. Ele estava ali parado, olhando para ela e nenhum dos dois
acreditava no que estavam vendo. Parecia filme mais uma vez. Ela já tinha comentado
que pensava que nunca mais iria vê-lo, mas ele afirmava o contrário. Ele dizia
que só não iriam mais se ver, se ela não quisesse; pois por ele, estaria com ela o tempo
que fosse preciso, mesmo que tivesse que esperar. Essa madrugada de 10/01/2011 ficou
na memória e ela iria voltar pela manhã, mas ela ia feliz, pois o que ela pensava não tinha
se concretizado: “nunca mais vou vê-lo!”. Era tudo perfeito até que ele diz que não pode
ser dela de verdade. Que não era simplesmente por ter uma pessoa ao seu lado, mas
porque ele recebera a notícia da vinda de um filho, algo inesperado, mas que prendia sua
vida a vida dela. Aquilo estava atormentando a sua cabeça e o medo de perder a sua
princesa, como ele mesmo a chamava, era muito grande. Mas, ao mesmo tempo, ele não
queria prendê-la, pois acreditava ser inútil fazer ela viver aquela situação sabendo que ele
não poderia estar ali ao seu lado como ele mesmo queria. Ela aceitou viver com aquela
situação acreditando que seria difícil se apegar a tal ponto de sofrer por ele se o pior
acontecesse. Ele, no primeiro instante, não acreditou que ela queria ficar com ele
independente disso. Ele só ficou feliz e só queria viver aquele momento de felicidade
sabendo que ela não o abandonaria naquele dia. Os dias se passaram e ele voltou de vez
para mais perto dela e os dois iriam se ver no final de semana mais próximo. Aquela
semana tinha sido perturbadora para ela, estava sendo complicado dividir as ligações, os
bom dias, boa noites com alguém que ela pensava ser mais importante do que ela. Antes
do encontro deles, ela pensou e disse estar decidida a terminar tudo, não queria interferir
na vida dele e nem se machucar, achava melhor terminar antes que o sentimento
aumentasse e a fizesse sofrer. Chegou o sábado, 29/01, a decisão incomodava, mas estava
feito. Não tinha porque voltar atrás, não havia motivos certos e nem incertos de querer
continuar vivendo como segunda opção, quer dizer, terceira né? Os dois se viram por
volta das dez da manhã, o peso na consciência estava grande, mas ela acreditava se livrar
o mais rápido possível. Os dois ficaram juntos e ela começou a dizer o que pensava. Ele
com o olhar triste, pensava em como estava sendo difícil dizer um adeus a alguém que
ele se mostrou tão feliz em ter conhecido. Mas ele não a julgou, nem disse que estava
sendo infantil em pensar nisso, em deixá-lo. Embora não quisesse que ela estivesse
fazendo aquilo, mas ele deu todo apoio moral a sua decisão. Mas, algo estranho
aconteceu. Ela, de repente, lembrou-se das suas palavras quando ele falou da vida dele a
ela: -“Durante esse período da minha vida, perdi alguém que eu gostei de verdade por
medo de arriscar; hoje, penso em como é bom viver mesmo que seja erroneamente com a
pessoa que você gosta e quer, afinal a esperança de te ter comigo vai ser difícil de
morrer...Então, é por isso que eu aceito viver assim, se você estar querendo continuar
comigo é porque tem interesse e algum sentimento de carinho você sente por mim, então
quero continuar contigo e ver no que dá”. Naquela hora ela parou e olhou para ele,
lembrando de tudo que havia acontecido por um curto espaço de tempo. Então perguntou-
lhe: você gosta de mim o suficiente pra querer ficar comigo? Ele não falou nada. Só a
puxou e respondeu-lhe com um beijo. Aquele beijo foi a resposta que ela queria pra não
ter que terminar tudo. Saiu de onde estavam com a certeza de que o objetivo agora era
estar feliz com ele, aceitando as condições impostas pela vida...
Mas, a consciência dela pesava, a semana tinha sido bastante amargurada, ela não ligava
pra ele e os dois estavam se distanciando. Até que eles ficaram sem se falar por dois
dias e ela percebeu que realmente não queria mais aquilo pra ela e resolveu ligar pra
ele e saber sua decisão. Antes que ela ligasse, o telefone toca. Era ele chamando pela
Princesa. Ela muito arrogante e chateada com tudo não dá atenção a ele e logo desliga
a ligação. Logo após desligar, retorna, pedindo desculpa, dizendo estar indecisa e se
sentindo mal em saber que ele estaria logo logo indo viver ao lado dela de verdade.
Novamente passa o filme em sua cabeça e ela questiona com ele a verdadeira intenção
dos dois. Ele responde que quer continuar, mas que não é ele quem tem que decidir, pois
ele estava errado em querer, mas não podia fazer nada para mudar isso. Ela chorou e ele
percebeu. Imediatamente ele pede pra que ela não chore, ela só diz que não chora por ele,
mas sim por si mesma, por estar vivendo em duplicidade de novo, sendo a segunda opção
de novo, sofrendo por algo que ela poderia viver sem sentir falta...
Ele só pede que ela não chore, nem fuja do que ela quer por medo, pois ele queria ficar
com ela de verdade, mas as conseqüências da vida tinha o afastado desse objetivo. Então
ela pergunta se ele ama a outra; ele responde com toda convicção que não, que se amasse
não faria o que estava fazendo, não gostava dela, não traía, não pensava na Princesa dele
mais do que nela... Aquelas palavras foram como dizer que ela era importante pra ele
também, mas mesmo assim, nada mudaria o fato dela não poder estar com ele de verdade.
Porque ela aparecer na vida dele assim? Porque ele entrar naquele ônibus e fazê-la sentir-
se importante na vida de alguém por alguns instantes? Será esse o verdadeiro propósito
de Deus para nós? O amor não escolhe a quem se dedicar, nem a que horas vai entrar e
sair do coração de alguém, mas nós temos o poder de saber guiar nossa vida através da
razão e deixar que o coração se acostume com a ausência, com a falta e com o poder não
ter...